Ato público realizado ontem pelo Foaesp no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulista, marca o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, hoje, 1º de dezembro.
O ato contou com a participação de representantes de movimentos sociais, profissionais de saúde, parlamentares que se dedicam ao tema e pessoas vivendo com HIV/aids.
O tema central das discussões do ato público foi estigma, preconceito e discriminação das pessoas que vivem e convivem com HIV/Aids. Passados 40 anos da epidemia de Aids, o preconceito é um dos principais problemas enfrentados pelas pessoas. Questões como desmonte dos serviços especializados, terceirização, falta de profissionais, medicamentos e insumos, acolhimento a pessoas transexuais e desafios para o futuro também foram abordados pelos participantes.
Em sua fala, Fabiana Oliveira, do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP), contou sobre os desafios do diagnóstico positivo, tanto para os que o receberam nos anos 80 quanto para os que recebem agora e pontuou sobre a questão das mulheres. “As mulheres enfrentam machismo estrutural, violência doméstica, obstétrica e de gênero, violações dos direitos sexuais e reprodutivos, falta de acesso a serviços de saúde de qualidade”. A ativista destacou ainda os retrocessos e a atual política de governo, “que nos vê como despesa, reforçando ainda mais o estigma e a discriminação às pessoas que vivem com HIV”.
O deputado federal Alexandre Padilha falou da importância da votação que acontecerá em breve em sessão do Senado do projeto de lei que torna obrigatória a preservação do sigilo sorológico das pessoas que vivem com HIV/aids, hanseníase, tuberculose e hepatites. Infelizmente, hoje, ainda, muita gente que vive com HIV, aids, hepatites virais, tem suas informações espalhadas por aí. Às vezes a pessoa está procurando trabalho, tem informações vazadas, e é prejudicada”, disse.
O representante estadual da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/aids (RNP+ SP), Paulo Giacomini, falou sobre o desmonte dos serviços de saúde especializados e a demora no atendimento. “Vou dar um conselho para as pessoas vivendo com HIV. O protocolo clínico diz que a gente tem que fazer exame a cada seis meses e aí você demora oito, pega a guia de encaminhamento e registra um boletim de ocorrência na delegacia, porque isso é violação do seu direito à saúde. Isso é violência institucional, é te condenar à morte”, explicou.
Carla Diana, da Associação Prudentina de Incentivo à Vida (Apiv) e vice-presidente do Foaesp, falou em nome das Ongs/aids do interior paulista e da fundamental importância da implementação do acordo de cooperação técnica que foi assinado pelos Ministérios da Saúde e da Cidadania, articulando o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS). “É hora de nos empoderarmos do Sistema Único de Assistência Social e do Sistema Único de Saúde e cobrarmos responsabilidade governamental em relação às respostas deste atendimento”, afirmou.
Rodrigo Pinheiro, presidente do Foaesp, refletiu sobre os desafios, o desmonte dos serviços especializados e a falta de vontade política no enfrentamento ao HIV/aids no Brasil, citando o não comparecimento de representantes da gestão estadual no ato. “A política de hoje é procurar o movimento social só quando precisa. Hoje, é uma vontade política de interesses”, concluiu.